Menino Estrela

De todo o pouco tempo vivido por mim, algumas emoções mordentes obtive. Falo dessas coisas loucas que acontecem o tempo inteiro, coisas que nossa vã filosofia não explica, ou se explica desconhecemos. Coisas minúsculas, mas visíveis cujo ao destino responsabilizamos.
Dentro desse amontoado de "acasos" estão os encontros. D'onde ouso sugerir serem as maiores belezas da vida, pois são o que a formam. 
O tempo todo encontramos algo ou alguém e o que seria de nós se, só estivéssemos?
Em vinte e um anos, encontros não me faltaram. Gente que veio e ficou. Gente que veio e se foi. Gente que nem veio, mas que me levou... 
O motivo pelo qual hoje escrevo não existe. Apenas deleito dedos sobre teclas devaneando sentimentos, e emoções embaladas por canções. E foram tais canções, que me trouxeram refletir sobre o menino estrela. 
Carinhosamente por mim assim chamado, o menino estrela é um desses encontros do acaso, onde explicação não há para tal ocorrido. E puxa... Como eu sou grata à minha roda-gigante por girar no sentido certo. Eu ouço aqui as canções dele, e todas essas palavras são amigas. Como velhas conhecidas descrevendo mensagens já lidas e interpretadas. Eu não tenho proximidade a ele, se não provinda da arte. Naquela velha história de "almas irmãs", sabe?  Como num texto antigo que escrevi "Escritores são almas irmãs e uníssonas", porém trocaria agora "escritores" por "artistas", tal sendo o que somos. 
Entendo o que ele busca, o que ele diz, o que ele sente, e como se não fosse suficiente, ele me inspira.
Então pergunto-me se há algo nesse universo, noutros, aqui e agora, adiante ou no passado, que explique essa ligação. O menino estrela brilha no meu céu como um cometa caindo nos montes de necessárias escaladas.
Quanto mais ouço sua voz, e escuto seus pensamentos percebo que devo acampar em sua mente, e explorar sua natureza transcendental. 
E será que um dia seja isso possível? Será que eu estou enlouquecendo além dos limites da minha insanidade habitual? Seria esse encontro uma projeção importante? Um elo, ou alguma ponta solta de algum dos novelos internos da minh'alma? "Minh'alma de sonhar-te, anda perdida" já dizia Florbela querida... (Outro personagem desses encontros), e assim me vejo. Perdida entre as perguntas de tanta similaridade, na dúvida de uma identidade. E no medo de um dia acordar e descobrir que esse encontro foi um sonho, sem razão de acontecer, sem maiores expectativas, construções ou pior ainda: que o menino estrela seja apenas mais um personagem de alguma história imaginada e não escrita. Que ele seja tão somente um devaneio.

"Vem como um todo em mim brotar que é pra nunca escapar; imagina então dormir. Tem obesidade bem pior que nem vinte desse Sol é capaz de comparar." Figueiredo, {Menino Estrela}.





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