Um latido, uma alegria.


   Esse texto é uma pequena homenagem, com voz de agradecimento, ao meu vira-lata. Os cães vira-latas, não desmerecendo os demais, são muito sensíveis. Talvez seja errado dizer isso. Pode ser que todos os cães sejam tão sensíveis quanto o meu. Tendo eles pedigree, ou não. O que importa é que os cães são a melhor companhia.

     Eu me surpreendo com a capacidade que alguns cães tem, em nos compreender. Nem mesmo a maioria das pessoas, compreendem umas às outras. Mas os caninos... Ah! São sábios quando querem.
Não sei se há raciocínio no que irei dizer. Afinal, são palavras descritivas a meus sentimentos. E nem sempre os sentimentos dos outros é emprestado a alguém. Ou seja, o que para mim é uma coisa, para quem lê possa ser extrema falta de assunto ou dito tolo.

     Às vezes eu choro. Choro sem razão concreta. Choro por depressão ou angústia. Por medo também. Dia desses eu chorava. E não era de felicidade. Penso ter sido uma junção de várias coisas. Se houve um motivo, não me lembro, mas recordo-me do fato principal que gerou esse texto confuso: a solidariedade canina.

     Sentei-me na varanda desfolhando em lágrimas. Devagar ele aproximou-se. Veio com as orelhas baixas, o olhar caído e deitou-se ao meu lado. Pouco a pouco instigando-me a distrair-me com ele. Olhava-me como se me perguntasse: "Porque choras?", "O que houve?". 
     Tentou brincar comigo, mas eu não dei importância. Então ele se sentou. Veio arrastando-se no chão até o meu colo e fez manha. Devolvi-lhe o carinho, embora não fosse suficiente para me alegrar. De repente lá estava ele animado, latindo no meu rosto e chamando-me para brincar.
     Quando dei por mim, um sorriso bobo ia formando-se em meu rosto provocado pelo chacoalhar frenético da cauda dele e pelas provocações para que eu corresse atrás.

     Ruck, um cãozinho vira-lata de um ano e oito meses. Negro. Lindo. Sensível e amigo. Para quem eu desabafo, cuido, amo e alegro-me por suas bobeiras. Também é o cachorrinho que faz bagunça e me deixa louca, mas oras, ele é só um bebê. É o meu bebê. E que a cada dia concretiza-me a ideia de que o cão é inteligentíssimo, leal e melhor amigo. Nada do que uma boa lambida fiel, para enxugar as lágrimas.



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