Suzan e os Poodles


Neve, Nevada, Nevasca e Avalanche.


Abriu a porta sonolenta com a pequenina mochila rosada em suas costas franzinas. Esfregava os olhos e bocejava. Sentou-se ao pé da varanda, enquanto esperava pela mãe atrasada e atarefada. Com as mãozinhas sob o queixo, e cotovelos apoiados nos joelhos, a menininha olhou para sua frente. Deparou-se com um grande cesto, coberto com um pano. Algo dentro dele se movia.
Devagar e cautelosa, aproximou-se retirando o pano. E eis que os viu ali, tão assustados quanto ela. Neve, Nevada, Nevasca e Avalanche. Esses eram os nomes que constavam dentro do cesto de cãezinhos. Mas quem poderia abandonar poodles tão lindinhos como aqueles? E tão saudáveis ! O que levaria o dono a fazer uma coisa daquelas?
Suzan pegou seu carrinho de rolimã que estava jogado no gramado e correndo até o cesto, levantou-o com certa dificuldade. Ela encantou-se com os cachorrinhos. Eram tão comportados! Enquanto ela tentava por o cesto sobre o carrinho, eles observavam curiosos e caladinhos. Como se entendessem o que ela pretendia.
Foi puxando o carrinho rapidamente até o quartinho de tralhas nos fundos da garagem. Deixou-os lá. Entrou na cozinha pela porta dos fundos, a mãe estava azafamada ao telefone, tentando reunir os papéis que o vento espalhara na cozinha.
"Mamãe vai levar uma bronca do chefe hoje!" - Pensou a pequena. Sorrateiramente, Suzan abriu a geladeira, furtou a caixa de leite e engatinhando até o armário do balcão de centro na cozinha pegou três tigelas e alguns biscoitos caseiros que sua avó havia feito para ela.
Passou pela porta discretamente e foi correndo ao quartinho, sua mochilinha sacudia em seu corpinho franzino, exigindo da pequenina um esforço mínimo para ser mais ágil. Ao entrar, os cãezinhos imóveis a observavam, chegou a pensar que eram estátuas. Deu-os o leite com biscoitos, em outra tigela colocou água. Eles rapidamente pularam do cesto e foram comer.
"_ Suzaan! Vamos! Onde está você?" - sua mãe estava pronta!
_ Fiquem quietinhos aqui, bonzinhos e sem barulho. Eu volto ao meio-dia com uma ração gostosinha para vocês! - Ela disse e saiu em seguida.
Na porta da escola a mãe lhe dizia, após ter ido explicar o atraso à professora da filha.
_ Não poderei buscá-la, o Bruno nosso vizinho, lhe tratá para casa. Comporte-se!
Bruno, o garoto por quem Suzan era apaixonada desde os oito anos. Agora ela tinha dez e meio, e já conseguia chamar a atenção do vizinho de 14 anos, internamente ela comemorava pelo despertador da mãe ter quebrado naquela manhã, e seria bem mais fácil comprar a ração dos bichinhos. Bruno não era de dedurá-la, nem mesmo quando ela quebrou a vidraça da casa dele jogando bola!
Seguiu durante toda a manhã pensativa nos animaizinhos, como a mãe e a avó reagiriam? Será que seu príncipe Bruno ajudaria-a ? Ao bater o sinal da saída, ele estava parado na porta da sala dela esperando-a. No seu colégio os menores só saiam da escola com a presença dos responsáveis na sala. 
Dirigiu-se a ele, que sorria e brincava com ela dizendo "E aí pequenina, quer uma carona de skate?" . Bruno levava Suzan para andar de carona no skate dele, vez ou outra. Colocando-a sobre o skate, e segurando suas mãozinhas eles foram embora. Suzan estava radiante. No caminho pediu para ele parar no pet shop.
_ Ah! Sua mãe te deu um bichinho de estimação?
_ Shiiu Bruno! Ela não sabe ainda. Encontrei eles na porta de casa hoje.
_ Eles? Pequenina, você vai se meter em encrenca de novo !
_ Vou nada. 
Entrando no estabelecimento, comprou a ração e colocou na conta da mãe. Disse para o senhor, não dizer nada à ela, pois assim que Suzan recebesse a mesada pagaria. Então o moço respondeu para a garotinha :
_ Pequenina, você vai se meter em encrenca de novo !
_ Vou nada. - Ela respondeu.
Foi para a casa e avó esperava-a na porta. Bruno ficou ali por perto observando o que a pequena aprontaria. 
_ Encontrei uns intrusos no quintal hoje netinha. - A avó disse sorrindo e pegando a mochila da garota.
_ Sério vó? Como assim... no quintal?
D. Eulália explicou que ao estender a roupa, a portinhola do quartinho abriu-se e os animais sairam correndo. Sim, na pressa a menina esqueceu de fechar bem a porta. 
_ Acha que a mamãe vai concordar? - Disse a pequena após contar toda a história para a avó.
_ Eu não sei. Mas você dizer a ela.
_ A senhora, poderia guardar segredo por um tempinho né vovó?
_ Hum... Pequenina, você vai se meter em encrenca de novo !
_ Vou nada. - Ela saiu feliz e saltitante, a frase da avó significava um "sim" . - Ah ! Vóoo ! Tee amo! - Ela gritou. 
Passaram-se algumas semanas e Bruno ajudava a pequena a cuidar nos animaizinhos. Até que a mãe descobriu. Suzan mesmo contara. O grande susto da pequenina foi que a mãe já sabia, desde o primeiro dia! Ela viu a menina guardando os bichinhos. Apenas queria que ela vivesse uma "aventura" dessas, em sua rotina tão monótona de criança e esperava que ela contasse-a um dia .       
_ Pequenina, você só se mete em encrenca ! - Dizia a mãe assim que viu os poodles fugindo com toalhas na boca depois que ambas haviam esclarecido tudo.

Por, Rayanne Nayara.

Comentários

  1. Texto muito, muito, muito lindo! Amei o nome dos cães, amei o "pequenina você vai se meter em encrenca" e o "vou nada". Muito singelo e meigo. Amei amei amei! Voltei pra minha infância *-*


    Só tem umas pontuações e umas colocações pronominais pra corrigir ;p

    Beijos nevados (hehe)

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  2. Farei a correção ;} Obrigada por avisar. Sim, as frases são simples, singelas e com gosto doce de passado. E os nomes, eu também adorei. *-*

    Um beijo de neve :*

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